A literatura de cordel é uma espécie de poesia popular que é impressa e divulgada em folhetos ilustrados com o processo de xilogravura. Também são utilizadas desenhos e clichês zincografados. Ganhou este nome, pois, em Portugal, eram expostos ao povo amarrados em cordões, estendidos em pequenas lojas de mercados populares ou até mesmo nas ruas.
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Literatura de cordel em S. João da Vitória
A arte de ser negro em nosso país
ÉTNICO
Não sei se discutes a cor filosófica de tua pele.
Não sei se o meu ser negro é igual ao teu.
Sei, apenas, que quero que o teu negror seja meu,
Assim como o meu negror seja teu...
Penso sobre se a nossa pele negra tem gosto
De esperança, ou se já nada espera
E,se assim for, pena que doa, em nós,
Não haver mais esperança!...
Mas, basta-me olhar em teus olhos
Que vem à mente, o desejo de pão,
A lembrança da fome de unificação,
Sabor de um encontro, tom de uma lágrima,
Anseio de satisfação...
Ainda não sei se o meu ser negro é igual
Ao teu, pois há pouco nos encontramos!
Mas, a tua serenidade lembra-me o cheiro
Orvalhado do mato, o cheiro da terra molhada,
A aragem matinal do campo, a força do baobá,
A pétala que brota como magia em flor...
Poderás dizer:-Ah, uma divagação.
E, eu te responderei: -Não, não é divagação.
É a luz do desejável e febril sentimento
Ainda que menos poético do que os poemas de amor.
E ainda assim este é um poema de amor
Que tem o seu próprio respirar e pede solene,
Que sejamos mais do que a nossa pele;
Pede que sejamos o ideal sem interrupções
E que cantemos o valor da vida
Que vai para o verde, vai para a rosa,
Que vai para as nossas dúvidas, nossas perguntas
E que vai para a nossa essência negra...também.
Fonte: Cezar Ubaldo ( http://www.jornaldapovo.com.br/noticia)
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Batuque: 100 anos de história
A primeira edição do Jornal do Batuque é um projeto desenvolvido pelos alunos da 8ª série/noturno da Escola Municipal Antônio Machado, como parte da disciplina Português. O objetivo do projeto é resgatar a história do Povoado do Batuque, além de manter a comunidade informada sobre os acontecimentos que importam diretamente ao povoado. Para tanto, o JB pretende ser comunitário não apenas porque tratará de fatos ocorridos dentro da comunidade, mas também por ser produzido pelos moradores da mesma.
O intuito é utilizar o jornal, um meio de comunicação mais acessível a todos na zona rural, para elevar a auto-estima, o senso de cidadania e o amor pela comunidade, através de uma maior participação na produção dos textos e do foco em interesses públicos.
Alice Ferraz da Cruz nasceu em 1918, ano em que a Primeira Guerra Mundial estava acabando. Mas, o Brasil só entrou nessa Guerra um ano antes de seu fim e o povo brasileiro pouco sentiu e viveu esse conflito. Para D. Alice não foi diferente. Hoje, com 92 anos e boa saúde, ela conta sua história confundida com a história do próprio povoado do Batuque.O intuito é utilizar o jornal, um meio de comunicação mais acessível a todos na zona rural, para elevar a auto-estima, o senso de cidadania e o amor pela comunidade, através de uma maior participação na produção dos textos e do foco em interesses públicos.
JB – Como o Batuque surgiu?
Alice – Foi há uns 100 anos. Nessa época meus avós, Francisco da Cruz e Maria da Conceição, vieram morar no Batuque. Mas, só em 1930 que a população do povoado aumentou. Segundo meu avô, era um tempo de muita miséria. Eles matavam uma vaca para tomar o caldo, pois não tinha feijão, arroz, nem farinha. O primeiro comércio do Batuque foi de Daniel Ferraz, um mercado. As primeiras casas de farinha eram de José Moço e Martuliano. Naquele tempo, a doença que mais matava era a Tuberculose, pois não tinha cura. A falta de água tratada também matou muita gente de “sistozoma”. A primeira igreja foi católica e festejava durante nove dias a festa de São João.
JB – Porque o nome Batuque?
Alice – Por que tinha um senhor chamado João do Batuque, que ganhou esse nome por fazer a batucada todo 16 de maio, em festejos do Candomblé.
JB – Como era usada a mandioca naquela época?
Alice – A mandioca era ralada num ralo e torcida num pano para fazer o beiju. Estévão Santos e Augusto do Caldeirão eram os coronéis, os homens mais ricos do Batuque.
JB – E a educação no período?
Alice – O primeiro professor do Batuque foi “Durico”. A escola era particular e só estudava quem tinha dinheiro. Outro professor que deu muita assistência ao povoado foi Antônio Machado Ribeiro, junto com o prefeito Régis Pacheco.
JB – A senhora ainda teve contato com escravos?
Alice – Lembro de umas escravas: Luzia, Tereza, Maria e Bernarda. Bernarda era uma escrava guerreira e sofreu muito nas fazendas dos sinhozinhos. Havia escravos no quilombo - Corta Lote e Batuque - que fugiram das maldades dos seus donos.
Jornal Escolar: instrumento de transformação

Neste projeto de pesquisa, pretendo provar que é possível trabalhar nas escolas, inclusive de zonas rurais, com a produção do jornal escolar como recurso para promover, no aluno, o desenvolvimento da escrita e da leitura crítica, fazendo-o entender sua importância como agente social transformador da realidade, e sua formação enquanto ser participativo em questões que lhe dizem respeito dentro e fora da escola. Ao promover a função social da escrita, a produção do jornal escolar contribui com os processos de ensino-aprendizagem que a escola conduz, sobretudo com o letramento do aluno.
Para tanto, analisarei o Jornal do Batuque, projeto de jornal escolar que foi produzido por uma turma do 9º ano do Ensino Fundamental II do Círculo Escolar Integrado São João das Vitórias/CEISJV, escola pública localizada na zona rural do município de Vitória da Conquista, em uma pesquisa de intervenção que propus como professor de português dessa turma.
Tanto o processo de elaboração quanto os textos produzidos revelaram uma infinidade de possibilidades de se abordar questões interessantes e motivadoras da formação crítica dos alunos e da ampliação e aprimoramento de seus letramentos. Paralelamente, a atividade, embora laboriosa à primeira vista, já que inovadora naquele ambiente escolar, abriu novos horizontes para trabalhar a linguagem, especialmente a produção escrita dos alunos, revelando maneiras envolventes e interessantes de ensinar a língua e de, ao mesmo tempo, inseri-los nos propósitos largamente enfatizados no ambiente escolar e elencados nos documentos oficiais.
Foram produzidas cinco edições do Jornal do Batuque, cujo nome remete à história do próprio povoado, conforme foi possível verificar durante a pesquisa feita para elaboração de uma das matérias. Os textos do jornal foram discutidos antecipadamente em sala de aula, momento em que os alunos foram convidados a sugerir os temas, tanto das notícias como das entrevistas. Com isso, pôde-se sentir uma proximidade e uma interação maior da turma com o ato de ler/escrever, facilitando em muito esse processo.
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