Não sei se discutes a cor filosófica de tua pele.
Não sei se o meu ser negro é igual ao teu.
Sei, apenas, que quero que o teu negror seja meu,
Assim como o meu negror seja teu...
Penso sobre se a nossa pele negra tem gosto
De esperança, ou se já nada espera
E,se assim for, pena que doa, em nós,
Não haver mais esperança!...
Mas, basta-me olhar em teus olhos
Que vem à mente, o desejo de pão,
A lembrança da fome de unificação,
Sabor de um encontro, tom de uma lágrima,
Anseio de satisfação...
Ainda não sei se o meu ser negro é igual
Ao teu, pois há pouco nos encontramos!
Mas, a tua serenidade lembra-me o cheiro
Orvalhado do mato, o cheiro da terra molhada,
A aragem matinal do campo, a força do baobá,
A pétala que brota como magia em flor...
Poderás dizer:-Ah, uma divagação.
E, eu te responderei: -Não, não é divagação.
É a luz do desejável e febril sentimento
Ainda que menos poético do que os poemas de amor.
E ainda assim este é um poema de amor
Que tem o seu próprio respirar e pede solene,
Que sejamos mais do que a nossa pele;
Pede que sejamos o ideal sem interrupções
E que cantemos o valor da vida
Que vai para o verde, vai para a rosa,
Que vai para as nossas dúvidas, nossas perguntas
E que vai para a nossa essência negra...também.
Fonte: Cezar Ubaldo ( http://www.jornaldapovo.com.br/noticia)
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