quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Batuque: 100 anos de história

 A primeira edição do Jornal do Batuque é um projeto desenvolvido pelos alunos da 8ª série/noturno da Escola Municipal Antônio Machado, como parte da disciplina Português. O objetivo do projeto é resgatar a história do Povoado do Batuque, além de manter a comunidade informada sobre os acontecimentos que importam diretamente ao povoado. Para tanto, o JB pretende ser comunitário não apenas porque tratará de fatos ocorridos dentro da comunidade, mas também por ser produzido pelos moradores da mesma.
O intuito é utilizar o jornal, um meio de comunicação mais acessível a todos na zona rural, para elevar a auto-estima, o senso de cidadania e o amor pela comunidade, através de uma maior participação na produção dos textos e do foco em interesses públicos.
Alice Ferraz da Cruz nasceu em 1918, ano em que a Primeira Guerra Mundial estava acabando. Mas, o Brasil só entrou nessa Guerra um ano antes de seu fim e o povo brasileiro pouco sentiu e viveu esse conflito. Para D. Alice não foi diferente. Hoje, com 92 anos e boa saúde, ela conta sua história confundida com a história do próprio povoado do Batuque.
JB – Como o Batuque surgiu?
Alice – Foi há uns 100 anos. Nessa época meus avós, Francisco da Cruz e Maria da Conceição, vieram morar no Batuque. Mas, só em 1930 que a população do povoado aumentou. Segundo meu avô, era um tempo de muita miséria. Eles matavam uma vaca para tomar o caldo, pois não tinha feijão, arroz, nem farinha. O primeiro comércio do Batuque foi de Daniel Ferraz, um mercado. As primeiras casas de farinha eram de José Moço e Martuliano. Naquele tempo, a doença que mais matava era a Tuberculose, pois não tinha cura. A falta de água tratada também matou muita gente de “sistozoma”. A primeira igreja foi católica e festejava durante nove dias a festa de São João.
JB – Porque o nome Batuque?
Alice – Por que tinha um senhor chamado João do Batuque, que ganhou esse nome por fazer a batucada todo 16 de maio, em festejos do Candomblé.
JB – Como era usada a mandioca naquela época?
Alice – A mandioca era ralada num ralo e torcida num pano para fazer o beiju. Estévão Santos e Augusto do Caldeirão eram os coronéis, os homens mais ricos do Batuque.
JB – E a educação no período?
Alice – O primeiro professor do Batuque foi “Durico”. A escola era particular e só estudava quem tinha dinheiro. Outro professor que deu muita assistência ao povoado foi Antônio Machado Ribeiro, junto com o prefeito Régis Pacheco.
JB – A senhora ainda teve contato com escravos?
Alice – Lembro de umas escravas: Luzia, Tereza, Maria e Bernarda. Bernarda era uma escrava guerreira e sofreu muito nas fazendas dos sinhozinhos. Havia escravos no quilombo - Corta Lote e Batuque - que fugiram das maldades dos seus donos.

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